sábado, 14 de agosto de 2010

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Dói o peito, sinal da alma que chora mesmo que olhos não expressem em lágrimas a dor que se sente. É muito difícil amar e não ser correspondido, mas mais do que isso é amar, ser amada e não conseguir entrar em sintonia. Sentir que só amor não é suficiente pra levar um relacionamento com tranqüilidade e aquela paz indescritível.

Ás vezes sinto que só o cigarro é meu companheiro, capaz de me acalmar e fazer as noites se tornarem mais serenas. Amo e dês-amo numa freqüência enlouquecedora que faz a dor ser maior que os ótimos momentos vividos. Como é difícil a convivência. Principalmente entre duas pessoas com personalidade forte, ciúme latente e ironias bem construídas. A dor que sinto é por amar e não poder amar em completa constância sem ter minutos de discussão e, principalmente, incompreensão.

Eu desejo o diálogo. Que desejo besta, eu diria. Mas percebo que o diálogo é a ponte capaz de ligar o amor ao eterno. Pois amor para valer a pena deve ser inteiro, sem meios tempos, sem repetidas horas de desamor. Pequenas discussões são sempre bem-vindas pois ajudam a sintonizar um casal, a compreender as diferenças e a achar meios termos. Pequenas e repetidas discussões são mágoas acumuladas, ciúmes mal resolvidos, raiva. E quando não conseguimos fazer esses momentos de desencontro serem escassos há uma grande chance de tudo ir por água a baixo. E no final, se odeia muito mais do que se ama.

Dói o peito por saber que a alma pede amor, quer dar e receber carinho. E numa simples conversa tudo é muito frágil, pois o diálogo não tem feito parte do repertório a dois. Eu sinto falta de perguntas, de receios, de inseguranças colocadas de uma maneira sutil para poderem ser explicadas e compreendidas. Eu sei que posso ouvir, explicar, melhorar. Mas nunca gostei de ironias. Como me irrita, como me enlouquece. Diferenças que não podem ser debatidas?! Como assim?!

Eu tenho me sentido muito triste por não haver mais compreensão. Virou um vício o jogo de sempre colocar o outro no lugar de réu. A gente erra e acerta. Eu errei, eu já surtei, eu já demonstrei ciúme por bobagens. Mas eu sei e reconheço todas as vezes que isso prejudicou o relacionamento. O problema não é esse. É acumular as frases mal ditas, as palavras colocadas com raiva em uma discussão e trazer a tona em todo momento as energias ruins. Isso virou constante. Isso machuca. E como machuca!

Não cometer os mesmos erros. Mas aí paro e penso que isso não depende só de mim. Posso estar evitando repetir os erros, mas se outro não estiver disposto ao mesmo e não reconhecê-los tudo nunca se resolve. Dói saber que tudo podia ser maravilhoso, mas que a simples falta de diálogo tem criado a impossibilidade de acertar e melhorar. Dói perder, dói saber que tudo está incompatível. E vai doer se tudo acabar e as coisas boas de cada um vierem na memória. Eu temo tudo isso e dói.